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NÃO SOU

O NEVES

AÉCIO DE PAULA

Ainda existe futebol

  • Foto do escritor: Aécio de Paula
    Aécio de Paula
  • 10 de dez. de 2018
  • 2 min de leitura

River Plate e Boca Juniors não apagaram a vergonha que protagonizaram no último final de semana, mas suas torcidas mostraram que ainda há esperanças.


Torcedores do River comemoraram em Madrid // Foto - EFE
Torcedores do River comemoraram em Madrid // Foto - EFE

A decisão da Libertadores da América foi decidida na Europa. Esse é o fato. E esse fato deve ser motivo de vergonha para todos nós sul-americanos. Durante a competição, a Conmebol provou que merece ser alvo de críticas de torcedores de Norte ao Sul do continente. No saldo: um ônibus apedrejado por torcedores, pelo menos um jogador ferido, muitas polêmicas judiciais, decisões no mínimo questionáveis e muita falta de tato para lidar com várias situações. Um completo vexame da América do Sul. Nada vai mudar isso.


Mas foi na noite deste domingo (9), mais precisamente na capital espanhola, que River Plate e Boca Juniors protagonizaram aquilo que pode ter representado um resquício do que é o verdadeiro futebol. A invasão argentina em Madrid parecia ser a representação da teima dos nossos hermanos em se entregar diante de um momento difícil. O amor pelo clube parecia ser maior do que qualquer escândalo.


Para além dos clubes, que na minha opinião têm suas importantes parcelas de culpa nesse cartório, os torcedores das duas camisas fizeram o clima de vergonha se transformar, pelo menos por 120 minutos, em magia.


Hora de fazer o meu pedido de desculpas. Cheguei a vociferar nas redes sociais que essa partida não valia mais nada. “Aconteça o que acontecer, ninguém liga mais para essa final da Libertadores”, eu disse.


Ah, eu estava errado. O choro do pequeno torcedor do River aos 12 minutos do primeiro tempo, quando a partida estava empatada em 0 a 0, me dizia em alto em bom som: “Você estava errado. Ele se importa.” Quando vi a pequena senhorinha enrolada com a bandeira do Boca Juniors rezando para que a bola do adversário não entrasse, eu ouvi um “Ah, você estava bem errado. Ela também se importa”.


E como importa. Quando o jogo terminou e o River Plate se sagrou campeão da Libertadores da América, o choro coletivo tomou conta das arquibancadas. Lágrimas de felicidade. Lágrimas de tristeza. São as lágrimas que jamais apagarão o vexame de semanas atrás. Mas são também as lágrimas que nos mostram que o futebol está lá. Não está na CBF, na Conmebol ou na FIFA. Ele está nos pequenos detalhes. Seja na alegria do menino e na tristeza da senhora. As lágrimas estão lá pra nos mostrar que o futebol ainda existe. E ele importa.

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