top of page

NÃO SOU

O NEVES

AÉCIO DE PAULA

LGBTQ: discursos de campanha de Trump e Bolsonaro foram bem diferentes

  • Foto do escritor: Aécio de Paula
    Aécio de Paula
  • 30 de nov. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de dez. de 2018

Os dois candidatos trouxeram a pauta LGBTQ para as suas campanhas eleitorais. Um atacou, o outro os defendeu.


"LGBTs por Trump", diz bandeira LGBT segurada por Trump // Foto - AFP
"LGBTs por Trump", diz bandeira LGBT segurada por Trump // Foto - AFP

É simplista considerar que a vitória de Jair Bolsonaro no último dia 28 de outubro ocorreu pelos mesmos motivos que o triunfo de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016. Também ainda é cedo para afirmar se os dois eventos fazem parte de uma mesma onda internacional. Embora os dois candidatos de extrema direita sejam vistos pela imprensa e pelo imaginário local como extremamente semelhantes, há muito no discurso dos dois que não bate.


Nacionalistas, conservadores e anti-sistema. Foi assim como se apresentaram os dois em suas respectivas disputas. O brasileiro sempre citou Trump como uma referência. Comemorou a vitória do magnata em suas redes sociais, e sempre elogiou as suas atitudes. De lá pra cá, a recíproca não esteve, até hoje, no mesmo nível. Trump pouco falou sobre Bolsonaro. Apenas um simples tweet parabenizando o presidente eleito. Muito diferente do Trump que parecia torcer duramente por uma vitória da ultra-direitista Marine Le Pen na França, em 2017.


E essa falta de entusiasmo evidente com a vitória de Bolsonaro pode ter vários motivos. Sim. É óbvio que a América Latina já não representa o mesmo peso para os Estados Unidos se compararmos com décadas anteriores. Mas há também um receio da extrema direita internacional em ratificar Bolsonaro como um dos seus expoentes. A própria Marine Le Pen disse em entrevista antes das eleições brasileiras que as falas de Bolsonaro eram desagradáveis e seriam intransponíveis na França.

Falando especificamente sobre as questões morais, o discurso usado por Bolsonaro, não só na sua campanha, é bem diferente do discurso utilizado por Trump e os maiores nomes da extrema direita europeia. Durante todo o processo eleitoral, Trump evitou bater de frente com a comunidade LGBTQ. Tentou deixar claro que a sua luta não era contra o direito de amar, e sim justamente para impedir que o que chamou de “ideologias odiosas” entrassem nos Estados Unidos para tentar impôr quem as pessoas deviam ou não deviam amar.


Foi basicamente o mesmo discurso da Marine Le Pen na França e de outros nomes da extrema direita na Europa. A ideia era usar a questão dos refugiados para fazer crescer um sentimento de medo na comunidade LGBT. “É por defender os meus amigos gays, que vou votar em um candidato que é contra os muçulmanos”, disse um eleitor do Texas, em entrevista para a rede de TV Fox News, antes das eleições de 2016. O discurso de Bolsonaro passou por longe disso.


Entre outras coisas, Bolsonaro disse em entrevista (em vídeo), que tinha orgulho de ser homofóbico. Em plena pré campanha, disse que as minorias precisariam se adequar às maiorias, ou então precisariam desaparecer. Durante o processo eleitoral, o então deputado tentou se livrar da fama de homofóbico, mas a sua controversa relação com a comunidade LGBTQ já estava posta.


Não se sabe o que Trump e Bolsonaro podem fazer contra a comunidade LGBT e outras minorias. Mas já se sabe que os dois usaram táticas diferentes para chegar ao poder. Um atacou, o outro, ao seu estranho modo, defendeu.

Comments


bottom of page