Capitã Marvel acerta ao fugir do óbvio e apostar em uma narrativa não linear
- Aécio de Paula
- 9 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Novo filme da Marvel não é um primor técnico, mas cumpre seu papel de inaugurar com o pé direito o ano dos heróis no cinema.

Está aberta a temporada de filmes de heróis no cinema internacional em 2019. Dessa vez, a abertura heróica é encabeçada por uma personagem feminina. Como se sabe, a Marvel entrou de vez na onda do multiculturalismo, escancarado no Oscar de 2019, responsável por levar mais negros, gays, latinos e mulheres para as telonas.
Depois do sucesso estrondoso de Pantera Negra, nada mais justo do que finalmente representar uma heroína no cinema. Capitã Marvel (2019), tem direção dividida entre Anna Boden e Ryan Fleck e narra a história de Carol Danvers (Brie Larson) na saga contra seres alienígenas. Desta vez mesmo que esteja longe de ser um possível concorrente ao Oscar, o filme cumpre o seu papel.
O longa se passa em um período de tempo em que Carol Danvers se torna heroína, ao mesmo tempo em que tem que lutar contra seres de outros planetas em uma espécie de guerra galáctica entre duas raças.
A grande novidade do filme é a forma como a história é contada. Diferente de outras produções inaugurais de heróis da Marvel, Capitã ousa na narrativa e foge do clichê linear. O roteiro já começa com a personagem título no auge dos seus poderes, mas sem memória. Só no decorrer da história é que o espectador vai descobrindo junto com a protagonista o que ocorreu no seu passado. Até por isso, quem está na poltrona também não sabe em qual personagem confiar. Quem é herói? Quem é vilão? Uma bela sacada que te faz ficar ligado no filme até o final.
Ao contrário do que disseram muitos críticos, Brie Larson não estava antipática. Inclusive é altamente compreensível que a sua personagem não seja um poço de simpatia. Até por isso, mesmo que ela não seja o ponto engraçado do filme, dá pra sentir um pouco de empatia pela protagonista. Quem fica com a ala cômica do filme é mesmo o Nick Fury (Samuel L. Jackson), que junto com o personagem de um gato provocam gargalhadas na sala do cinema.
A promessa de que o filme inauguraria uma nova forma de se fazer cinema de super heróis nos cinemas e de que representaria um ponto de inflexão no universo da Marvel não foi concretizada. Talvez se essa promessa não tivesse sido feita, o filme teria decepcionado menos. Estamos falando de um bom filme, mas não lembraremos dele daqui a três anos.
Como pontos positivos, para além da narrativa inovadora, podemos destacar a sintonia entre os personagens da Brie Larson e do Samuel L. Jackson e da trilha sonora bonita e diferente de outros filmes do gênero. Já como pontos negativos podemos destacar a quantidade enorme de personagens desnecessários e da direção sem personalidade (se me dissessem que Capitã Marvel foi um filme dirigido pelos mesmos diretores de Capitão América eu acreditaria). Faltou um molho próprio.
Mas e daí? Se cinema ainda é entretenimento, então o filme cumpriu o seu papel. Na semana em que se discute com muita força a importância do papel delas na sociedade, a Marvel deu uma super bola dentro. Assista.
Capitã Marvel - 4 estrelas - Bom
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